4 reflexões do filme Zootopia para a carreira e a vida

filme

Por Eduardo M. R. Lopes

Entre tantas coisas boas que paternidade nos traz, sem dúvida o “salvo conduto” para assistir a todos os desenhos animados possíveis é uma delas: seja tanto para verificar quais desenhos acrescentam algo de interessante para sugerirmos para os nossos pimpolhos como também para acompanhá-los em todas as aventuras da Disney-Pixar (como já narrei aqui sobre O Bom Dinossauro) e da Disney-Disney, onde haverá sempre a certeza de termos a diversão garantida com direito a muitas reflexões interessantes para a carreira e a vida, que é o comentarei neste artigo baseado no excelente “Zootopia: essa cidade é o bicho”.

Resumindo bem resumido uma das melhores animações dos últimos anos, num mundo aonde os mamíferos vivem em aparente harmonia, a simpática e esperta coelhinha Judy, que mora no interior com seus pais e os 275 irmãos, passa para a Academia de Polícia e é transferida para a megalópole Zootopia – “o lugar onde tudo é possível e cada um pode ser o que quiser”. Chegando lá para realizar o seu sonho como oficial, ela logo percebe que, apesar do fascínio que a cidade grande desperta, as coisas nem sempre acabarão saindo exatamente da maneira como ela idealizou – e esse choque de realidade servirá de fio condutor para a ótima aventura “quase noir” (com trocentas referências pop) ao lado da raposa “171” Nick Wilde, que acaba virando o seu parceiro, para juntos mergulharem no submundo dos crimes e viverem no limite da tensão social e racial quando puxam o pano do que está por trás da política de inclusão dos mamíferos e do projeto de reeducação para a convivência pacífica entre presas e predadores.

Que tema pesado, hein? Sim, mas aqui, como em quase tudo da Disney, as coisas são tratadas de uma forma bem tranquila e até poética, mas como o intuito não é fazer a resenha da animação, vamos voltar às 4 reflexões que pesquei dentre as muitas que vão aparecendo pelo caminho. São elas:

1- Se ninguém conseguiu, isto significa apenas que ninguém conseguiu e não que você não poderá conseguir!

A coelhinha Judy, desde pequenina, sempre alimentou o sonho de se tornar policial e, em um dado momento, ao falar mais uma vez deste seu sonho, seus pais lhe dizem que “não dá para acreditar muito em sonhos” e que “coelhos não nasceram para serem policiais”, até mesmo porque são pequeninos e “frágeis”. Ao saber disso, seus olhos imediatamente brilharam e ela retrucou com um largo sorriso: “então vou ser a primeira coelha policial”!

Os seus sonhos nada mais são do que os SEUS sonhos e quem deverá impor (ou não) os limites é você e não os outros. Vide o exemplo do Thái Quang Nghiã, fundador da Goóc, um vietnamita que fugiu de um campo de concentração lá do Vietnã, chegou em São Paulo sem dinheiro e sem saber uma palavra de português, mas mesmo assim, vendendo bolsa aqui e ali, e com relativamente pouco tempo de Brasil, conseguiu não só passar no vestibular concorridíssimo da USP como também foi construindo seus negócios até consolidar a marca Goóc e as suas sandálias ecológicas.

Difícil? Muito. Impossível? Nem sempre. E assim tanto o Thái realizou os seus sonhos (no mundo real) como também a Judy, que contra todas as estatísticas e muito esforço e dedicação, conseguiu se tornar a primeira coelha policial.

2- A vida não é um desenho animado aonde se canta e os sonhos viram realidade como “let it go”.

A Judy percebeu isso logo que chegou a Zootopia, “a cidade grande”. Depois do natural deslumbramento inicial, onde quase tudo é “novidade”, sua ficha logo caiu – e a frase sarcástica (acima) dita pelo seu chefe, o Comandante Bogo, reflete bem esta passagem meteórica do deslumbramento total para a dura realidade dos fatos. Longe (literalmente) da zona de conforto, todo dia passa a ser uma provação repleto dos mais variados desafios e obstáculos que vão se interpondo no meio do caminho. Cantar até pode ajudar a aliviar o stress, mas se não encararmos esses problemas de frente e, principalmente, colocarmos as mãos na massa para fazermos acontecer, os sonhos jamais passarão de… sonhos.

3- Sempre transforme qualquer limão numa limonada

Mesmo tendo sido a melhor da turma, o Comandante Bogo lhe cumprimentou dizendo que “não estava nem aí” e que “isso não significa nada”. E mais: ao invés de lhe dar uma missão “importante”, colocou-a para aplicar multas de trânsito. Apesar da frustração inicial, pois não foi isso que ela imaginava que iria fazer ao se tornar policial, a Judy então assimila o golpe e decide que irá se tornar a melhor aplicadora de multas da cidade. E mais: se a meta era de 100 multas por dia, ele se auto-desafiou com 200 multas até o meio-dia!

O grande ponto é que nem sempre conseguimos fazer o que gostaríamos, mas sempre podemos (e devemos) dar o nosso melhor para fazer bem feito. E mesmo que ninguém dê o devido valor de início, quando nos auto-desafiamos estamos colocando uma dose extra de motivação, e ela nos impulsionará não só para melhorar o que já estamos fazendo para conseguir cumprir a meta, como principalmente para aprender cada vez mais durante este processo – e quando estamos motivados e em constante aprendizado, normalmente a chance de termos insights e assim descobrirmos novas oportunidades passa a aumentar exponencialmente até o ponto em que ou alguém começará a dar valor ou então acharemos um novo lugar e desafios mais interessantes para cuidarmos.

4- A verdadeira mudança começa em você

A conclusão final da Judy é bem o resumo de tudo o que ela passou, pois não se pode esperar as coisas acontecerem, pois elas dificilmente acontecerão se você não der um empurrãozinho e fazê-las acontecer. Afinal de contas, se você não mudar pelo amor, certamente será pela dor – e será bem melhor que você se antecipe e comece a modificar o quanto antes as suas atitudes e a sua postura de forma a não só começar a enxergar o mundo com novos olhos e assim perceber novas oportunidades, como principalmente para não ficar para trás remoendo os remorsos por ter perdido o chamado “tiro de largada”. Lembre-se que a vida é uma só, então mude e o mundo mudará junto.

E você, o quê achou? Que outra animação ou filme você viu recentemente que também tinha reflexões interessantes sobre a carreira e a vida?

 

 

6 comentários sobre “4 reflexões do filme Zootopia para a carreira e a vida

  1. Inspiração para filosofar em cima das animações. Muito bom! =D

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